O Fórum Social Mundial, realizado na cidade de Salvador Brasil, entre 13 e 17 de Março de 2018, com lema: Resistir é Criar, Resistir é Transformar, ocorreu no âmbito de uma grave crise social e política, de golpe à democracia no Brasil e em diversos países da América Latina, de violações aos direitos dos pobres em todas partes do mundo, e ataque aos direitos dos imigrantes, das populações indígenas, tribais ou tradicionais.
Num contexto de genocídio das mulheres, em especial as mulheres negras, indígenas, jovens e periféricas, de criminalização dos defensores e defensoras de direitos humanos, ainda na quarta feira, no marco da realização do FSM, na cidade de São Paulo, professores em luta por seus direitos foram violentamente agredidos por policiais. Na mesma noite, outro fato deixou o mundo todo perplexo e indignado, quando a Vereadora Marielle Franco do Psol, e seu motorista, Anderson Pedro, foram cruelmente assassinados a tiros, no centro da cidade do Rio de Janeiro.
Marielle era jovem, negra, e moradora da Favela da Maré, era defensora de direitos humanos e denunciava cotidianamente as violações praticadas por policiais nas favelas do Rio de Janeiro e vinha publicamente se posicionando contra a intervenção militar naquela cidade.
Durante o Fórum Social Mundial, participamos representantando a União Nacional por Moradia Popular (UNMP), como Jurado Popular do Tribunal Internacional dos Despejos, em que foram constatados diversos tipos de violações do direito à moradia, à terra e ao território de populações tradicionais e quilombolas, e de violações ao direito à moradia de populações urbanas, entre eles, o caso da Cidade das Luzes, em Manaus, onde milhares de famílias sofreram despejo forçado, sendo removidas de suas moradias com extrema violência pela polícia do Estado do Amazonas.
A UNMP realizou diversas oficinas no território do Fórum, debatendo temas sobre moradia em áreas centrais, autogestão e produção social da moradia, direitos das mulheres e conflitos fundiários, se integrando, ainda, em diversas redes e mobilizações.
Este FSM demonstra, que apesar de tantas dificuldades e tanto sofrimento de nosso povo, é preciso continuar a luta por nossos direitos, ampliar nossas redes de solidariedade, avançar na nossa unidade e multiplicar nossas mobilizações por nenhum direito a menos.
Benedito Roberto Barbosa é advogado da UMM SP e participou do Júri Popular do Tribunal Internacional dos Despejos